Macunaíma - O Herói Sem Nenhum Caráter

"Aliás, essa preguiça de Macunaíma é, acho eu, outro talento bem brasileiro. Preguiça como desgosto de fazer qualquer esforço que não dê gozo: e até mesmo os gozosos, por vezes." - Darcy Ribeiro

O Cálculo do Conflito: Estabilidade E Crise Na Política Brasileira

Uma interpretação da política brasileira. O foco empírico da investigação compreende um período turbulento da nossa história, cujo resultado foi o colapso das regras do jogo institucional democrático e o golpe militar de 1964.
Crédito da imagem: Marcelo Carnaval

O Governo João Goulart - As Lutas Sociais no Brasil 1961-1964

Balanço sócio político de um período de tensão. "mais do que detalhar fatos, livrando-os de deturpações, mostra-os em sua essência, interpreta-os em sua dinâmica econômica, social e política segundoo método dialético de análise".

1964 - A Conquista do Estado

Resultado de uma pesquisa realizada entre 1976 e 1980, sobre o período do Golpe de 64, o livro mostra o papel e a função das forças sociais, e de que formas concretas elas faziam prevalecer seus interesses sobre as demais. O autor documenta a relação entre atores e as forças sociais, em cenários públicos e privados, através da recomposição da história desta época. 1964 deve ser lido como a reconstituição de um passado que está presente na realidade atual, e determina, assim, os rumos de nosso futuro.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Resenha - O Estado Nacional

por Hugo Bueno
Francisco Campos, natural de Minas Gerais, foi um advogado, político, professor de Direito e jurista, que ganhou notoriedade por sua participação na Constituinte de 1937, na redação do AI-1 de 1964 e dos Códigos Processual e Penal, em vigor até os dias atuais. O teórico também trilhou sua carreira de modo a defender um suposto autoritarismo e uma tendência antiliberal.
Um dos maiores ápices de sua carreira foi o ano de 1941, em que publicou uma análise profunda acerca da Constituição de 1937, estudo este chamado de “O Estado Nacional”. A obra, baseada em conferências, discursos e artigos do autor, traça um panorama minucioso de todo o conteúdo constitucional da época, sem, é claro, deixar de expor suas próprias ideias com convicção e fundamentos sociopolíticos.
Dentre os assuntos abordados por Campos, há a estruturação da rede pública de educação e a discussão acerca do papel da escola na sociedade, a devida conduta estatal, no que tange à seleção de candidatos aos cargos administrativos do governo, a liberdade e as fronteiras do direito de expressão da imprensa, as articulações do Poder Legislativo e o processo eleitoral mais adequado, a organização do Poder Judiciário e, também, tópicos polêmicos sobre a livre economia e seu equilíbrio com a intervenção estatal.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Resenha - Os Sertões

por Manuela Fernandes
Os Sertões é uma obra literária de Euclides da Cunha que trata, por meio de um relato jornalístico tingido de emoções de um povo quase que esquecido, sobre a história de Canudos, quase um morte e vida Canudos. Para tal, o autor se vale de uma estrutura de divisão de capítulos muito inteligente ao intitular cada capítulo com os nomes dos personagens centrais de todo esse enredo: a Terra, o Homem, e a Luta.
Euclides irá tratar da terra como se viva estivesse, com emoções e adjetivos referentes a um ser vivente. E muito mais do que um simples personagem, a Terra será o palco dessa narrativa, sendo um importante elemento da resistência que serviu ao povoado de Canudos. Dessa forma, é possível perceber a dualidade que o Sertão guarda em si, pois ao mesmo tempo que passa a sua aridez e a eternidade de um deserto sem fim aos estrangeiros, "aquela flora agressiva abre ao sertanejo um seio carinhoso e amigo". Além disso, a forma poética como o autor tratou da terra chega a ser um dos brillhantismos da narrativa, o que pode ser comprovado ao dizer que " a região incipiente ainda está se preparando para a Vida: o líquen ainda ataca a pedra, fecundando a terra". E mesmo dotada de todo esse humanismo de vegetação que vive, tal personagem, a terra, "predestinava-se a atravessar esquecidos os quatrocentos anos da nossa história", sendo marginalizada assim como os habitantes dela. Outro aspecto que é tratado com tamanha humanidade é o caráter protagonista que a região assume ao se deparar com o fenômeno natural da seca, conhecida como o martírio secular da Terra, sendo "o reflexo da tortura maior, mais ampla, abrangendo a economia geral da Vida". Dessa forma, diante dessa tamanha explanação sobre um assunto que muito mais do que um simples discurso geográfico, o autor prepara o seu leitor para o que será o palco de uma guerrilha, dando-lhe informações suficientes, além de explicar das causas de uma resistência sertaneja em Canudos.

domingo, 20 de maio de 2012

Resenha - Os Sertões

por Hugo Bueno
O livro “Os Sertões”, um clássico escrito por Euclides da Cunha que marcou a literatura brasileira, desenvolve-se a partir do contexto da Guerra de Canudos, que ocorreu no sertão nordestino entre os anos 1896 e 1897. O episódio se resumiu a um confronto entre militares da recente República brasileira e o povo da cidade no interior da Bahia, fundada por Antônio Conselheiro.
Em relação à sua forma, o livro se divide em três diferentes etapas: a Terra, o Homem e a Luta. Cada uma dessas três partes da obra possui certa peculiaridade, julgada por muitos teóricos literários como proposital por parte do autor.
A Terra, por exemplo, evidencia a observação minusciosa do cenário nordestino. Dessa forma, nesse trecho, Euclides da Cunha se preocupa em descrever com máximo rigor científico a vegetação do local, seu relevo, hidrografia, fauna, etc. Partindo o litoral, ele convida o leitor a adentrar o interior do Nordeste, revelando toda a riqueza estética contida numa região, cuja natureza é considerada morta por muitos. Assim, de certa forma a Terra é responsável por contextualizar geograficamente o leitor na realidade sertaneja do Brasil daquela época, quebrando falsos paradigmas, que imperavam principalmente na sociedade urbana do início do século XX.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Vídeo - Remix Manifesto

Vídeo que trata da conflito entre a propriedade intelectual e o livre acesso à cultura.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Resenha - O Mestre Ignorante

por Álvaro Costa
“O aluno deve ver tudo por ele mesmo, comparar incessantemente e sempre responder a tríplice questão: o que vês? O que pensas disso? O que fazes com isso? E, assim, até o infinito.” É dessa maneira que Jacques Ranciere, em sua obra, O Mestre Ignorante, propõe que os indivíduos se comportem. Se a princípio a leitura pode parecer um guia de autoajuda, é no transcorrer do livro que se apresenta uma bela possibilidade de reflexão pedagógica, filosófica e política.
O autor inicia seu texto criticando o atual método de ensino, o qual denomina de Velho; comparando-o com o método Universal pensado pelo professor Joseph Jacotot enquanto este lecionava na Universidade de Louvain, nos países baixos. Ao primeiro o autor ataca, afirmando que tal método é na verdade, um instrumento legitimador da forma explicadora de se ensinar algo a alguém; e que por tal forma se entenda, a maneira de ensino que busca subordinar o entendimento do aluno, o qual é tratado e que passa a ver a si mesmo como inferior a mente superior e mais inteligente de seu mestre. Ao segundo, o autor exalta e defende: “ as palavras que a criança aprende melhor, aquelas em cujo sentido ela penetra mais facilmente, de que se apropria melhor para seu próprio uso, são as que aprende sem mestre explicador.”

terça-feira, 15 de maio de 2012

Resenha - Os Sertões

por Tainá Passos de Menezes
O livro publicado em 1902, causou grande polêmica na época, nos dizeres da “Vida e Obra de Euclides da Cunha”: “Os Sertões causou espanto e entusiasmo” . Seu tema “A Campanha de Canudos”, obervada pela ótica de um jornalista que apesar de republicano, apresenta em seu livro os fatos acontecidos – muitos deles, por ele próprio testemunhados, durante a última Campanha –, denunciando o que ele chama de “um crime”.
Na 1ª parte do livro entitulada “A Terra”, o autor utiliza-se de seus conhecimentos de engenheiro civil, para descrever o sertão. Com minúcia de detalhes que dá no leitor sono, temos a caracterização geológica e climática do lugar. Fato interessante é narrado nesta parte: um homem parecia dormir ao lado de uma árvore, observando-se bem, porém, descobria-se que ele na verdade estava morto, desde o “assalto de 18 de julho”. O sertão o conservara e assim estava ele intacto, apenas murcho, mumificado, nas palavras de Euclides.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Resenha - Os Sertões

por Luciana Vasconcellos
Os Sertões, obra publicada em 1902, é um misto de literatura com relato histórico-jornalístico e é considerado por muitos a obra máxima de Euclides da Cunha. O assunto do livro gira em torno da campanha militar movida pelas tropas do governo republicano contra os “fanáticos” seguidores de Antônio Conselheiro, em Canudos, na Bahia. Enviado como correspondente do jornal O Estado de São Paulo para fazer a cobertura do conflito no arraial de Canudos, Euclides faz de suas observações e pesquisas um ensaio histórico e sociológico que se contrapõe à visão ufanista do Brasil da época, mostrando um outro lado da realidade brasileira - o sertão pessimista e vazio de Estado.
Utilizando uma linguagem que denota sua formação técnica de engenheiro, Euclides da Cunha interpreta cientificamente um acontecimento de sua época – a guerra de Canudos – procurando explicar e demonstrar que os seguidores de Antônio Conselheiro não eram criminosos que atentavam contra a República, como assim eram acusados, mas produto de fatores históricos, geográficos e raciais. "A mestiçagem racial, o ambiente desértico do sertão e resultante isolamento, o abandono por parte do governo, a incultura e a miséria – tudo concorria para um sentimento coletivo de desespero a eclodir em messianismo e fanatismo, ao mesmo tempo que de ódio contra a civilização que só intervinha para perturbar”. Euclides mostra-se então revoltado com a perversidade e violência com que as tropas governamentais trataram o assunto.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Roteiro - O Mestre Ignorante

Roteiro - O Mestre Ignorante
de Jacques Rancière
por Luciana Vasconcellos


Capítulo I – Uma aventura intelectual 
• Experimento de Jacotot – experimento autodidata – questionamento da necessidade das explicações do mestre.
-       Necessidade de estabelecer um laço mínimo entre professor e aluno.
-       Basta querer para poder – o homem quer compreender e ser compreendido.
• Desenvolvimento de um novo método baseado na emancipação.
• Método tradicional de ensino – Velho
-       Transmitir seu conhecimento ao aluno para elevá-lo a sua própria ciência.
-       O ato essencial do mestre é explicar – transmitir conhecimento e formar espírito.
-       A criança pode aprender sozinha, mas não compreender.
• A explicação como mito da pedagogia – distinção entre aprender compreender – questão do poder da palavra e do mestre.
-       O explicador constitui o incapaz como tal.
-       A explicação (mito da pedagogia) divide o mundo em duas inteligências – inferior e superior.
-       Princípio da explicação –  regressão ao infinito, reduplicação das razões.
-       Princípio do embrutecimento – o compreender interrompe o fluxo natural da razão, pois “divide” a inteligência em duas. “Compreende que nada compreenderá, ao menos que lhe expliquem.” (p.25)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Resenha - Os Sertões

por Maria Eduarda Vianna
“De sorte que sempre evitado, aquele sertão, até hoje desconhecido ainda o será por muito tempo”
Bravo. Forte. Filho do Norte.
Canudos não foi simplesmente uma comunidade formada por fanáticos religiosos. Deve-se também rechaçar a concepção errônea de que seu intuito era oferecer resistência à República recém proclamada por meio de uma revolução. Esta, ainda incipiente, mostrava ser inócua sertões adentro, cuja realidade se revelava oposta ao pensamento positivista-progressista, característico da virada do século XX. Nesse contexto, o sertão é um cenário à parte, único...
Há quem sugira uma leitura fragmentada, começando-se pelo tomo II. Um equívoco. A singularidade da obra em tela remonta à uma ordem necessária de conhecimento – implica em conhecer pela coisa, ou seja, por sua totalidade, por sua causa e seus efeitos. Tal qual uma peça, o livro divide-se em atos, sendo seus protagonistas a Terra, o Homem e a Luta. Assim, a compreensão de uma sociedade vanguardista, calcada no espírito comunitário e no amor livre, somente é possível a partir da análise do jagunço e de sua gênese – exposta de forma científica à luz das teorias racialistas – determinada pelo fator físico geográfico.