quarta-feira, 20 de março de 2013

Resenha - Macunaíma

Por Mariana Taufie

     Macunaíma é uma obra que se destaca por retratar a população brasileira de uma forma diferente e nunca antes apresentada. Se constroi um personagem que é marcado pela preguiça, pela inocência e pela mentira. Essas diversas características se unem em Macunaíma, mostrando que a população brasileira não é exatamente aquela retratada pelo romantismo, ou imposta pela cultura europeia. O brasileiro apresenta características próprias, únicas, que merecem destaque na literatura. O livro consegue retratar um pouco do país em que vivemos, mostrando que uma das características mais marcantes de nossa população é a alegria.

     Começando pela análise do título, podemos entender que Macunaíma não seria um heroi  como os herois retratados pelas grandes histórias mitológicas, mas sim um heroi que aparece nas histórias indígenas, um heroi ingênuo e esperto. O fato de não ter caráter significa que Macunaíma não tem um modelo prévio, ele não é marcado pelo sentimento de culpa. O heroi Macunaíma possui diversos características, e não só uma.

     A obra nos faz ver outros modos de pensar, outras formas de se relacionar com a natureza e, principalmente, ela nos mostra como a população brasileira é miscigenada, como em um só país convivem diversos modos de vida, diversos costumes e tradições. Além disso, são relatadas visões folclóricas que existem em algumas regiões do Brasil, o que enriquece ainda mais a obra. Com toda essa diversidade, a obra mostra que, no fundo, todos pertencem ao Brasil, não importando a região ou o vocabulário utilizado. 

     Macunaíma contrasta com o índio fantasiado pelo romantismo, que era idealizado e não apresentava as características tipicamente indígenas. No livro de Mário de Andrade, o índio se aproxima mais do que conhecemos, se aproxima do que seria o brasileiro.

     A obra chama atenção, logo em um primeiro momento, para a linguagem utilizada. As frases possuem um ritmo, lembrando muito a linguagem falada. Nas primeiras páginas, o vocabulário usado causa estranhamento, mas ao longo do livro o leitor vai se adaptando. Isso nos faz perceber como o nome dado a um objeto pode não ser tão importante para entender o que está acontecendo. Na maioria das vezes, o contexto traduz o que as palavras designam. O vocabulário utilizado no livro também mostra como a cultura brasileira é rica, como existem diversas expressões e nomes que não conhecemos quando vivemos nos grandes centros urbanos, desmistificando a ideia de que o conhecimento existente nas cidades seria mais rico e mais completo, e nos mostrando que toda região tem suas características positivas.

     Uma das características observadas ao longo do livro é a de ausência de vírgulas em muitas enumerações, o que cria um ritmo diferente e que influencia a forma de ler a obra.

     No primeiro capítulo do livro, é retratado o nascimento de Macunaíma e a sua infância. Nesse início, já são mostradas algumas de suas características mais marcantes, como a preguiça.

     No segundo capítulo, a mãe de Macunaíma o deixa sozinho no mato, como um castigo pelo seu comportamento. Depois disso, o heroi encontra o Currupira, que passa a segui-lo até que Macunaíma consegue fugir e volta para onde estava sua mãe e seus companheiros Jiguê e Maanape. Logo depois a mãe de Macunaíma morre e eles partem daquele lugar.

     Macunaíma encontra Ci, chamada de Mãe do Mato, enquanto no filme, Ci é retratada como uma guerreira urbana. Antes de morrer, Ci entrega  a pedra muiraquitã para Macunaíma. Este a perde na praia do rio e depois descobre que ela foi vendida para Venceslau Pietro Pietra, que morava em São Paulo. Com isso, Macunaíma, Jiguê e Maanape resolvem ir até lá.  Venceslau é o estrangeiro que chega ao Brasil e consegue a pedra valiosa, é o estrangeiro contra quem Macunaíma tem que lutar para retomar o que é seu.

    Uma das cenas mais interessantes do livro é a de quando Macunaíma chega à São Paulo e fica observando como tudo funciona, como as pessoas se comportam e o que fazem:

 

          Os tamanduás os boitatás as inajás de curuatás de fumo, em vez eram caminhões bondes autobondes        anúncios-luminosos relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas postes chaminés...Eram máquinas e tudo na cidade era só máquina! O heroi aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando assuntando maquinando numa cisma assombrada. (ANDRADE, p.39)

 

     O livro retrata também a cena em que Macunaíma está no centro da cidade de São Paulo e fala que viu um rastro de tapir. Todos se mobilizam para procurá-lo, mas logo depois Macunaíma fala que mentiu. Essa parte do livro é umas das muitas em que é mostrado o fato de não sentir culpa, como já explicado.

     No livro, Macunaíma vai até a casa de Venceslau no dia da macarronada, este cai nela e morre. Com isso, Macunaíma pega o muiraquitã de volta. Ao longo de todo o livro, percebemos a ausência da morte como conhecemos, os personagens se transformam em vez de morrer, como acontece com Ci. Mas a cena da festa mostra uma diferença em relação à morte, pois Venceslau, ao cair na macarronada, acaba morrendo, e não se transformando como os outros personagens.

     Depois de recuperar a pedra, Macunaíma, Jiguê e Manaape deixam São Paulo. Eles partem levando objetos que tinham chamado atenção deles, como um relógio. A cena mostra como a tecnologia fica descaracterizada e sem utilidade quando está fora do lugar para qual ela foi pensada:

 

          "Estavam ali com ele o revólver Smith-Wesson o relógio Pathek e o casal de galinha Legorne. Do revólver e do relógio Macunaíma fizera os brincos das orelhas e trazia na mão uma gaiola com o galo e a galinha" (ANDRADE, p. 127)

 

     Ao voltar para sua terra, Macunaíma já não é mais o mesmo, ele fica sozinho e deixa o lugar onde morava.

     A deusa do Sol, Vei, que tinha oferecido uma de suas filhas à Macunaíma, quando este esteve no Rio de Janeiro, tinha pedido que ele não fosse atrás de mais ninguém, mas Macunaíma descumpriu e Vei resolve se vingar. Para isso, Vei faz com que Macunaíma sinta calor e entre na lagoa, ao entrar, ele vê Uiara e vai até ela, com isso, ele é mordido e vai perdendo partes do seu corpo. Macunaíma vai para o céu, se transformando em Ursa Maior.

Um comentário:

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